Mosca-da-asa-manchada (DAM ou SWD) (Drosophila suzukii)

Descrição e danos

Drosophila suzukii (Diptera: Drosophilidae) é uma praga quarentenária polífaga de tamanho reduzido, medindo entre 2 e 3 mm de comprimento. Os machos são menores do que as fêmeas e possuem uma mancha característica na ponta das asas, além de duas fileiras de pentes sensoriais nas tíbias das pernas anteriores. As fêmeas não apresentam mancha nas asas, porém, diferentemente dos demais drosofilídeos, possuem um ovipositor rígido e serreado, capaz de perfurar e depositar ovos em frutos sadios, ainda em desenvolvimento nas plantas. Os ovos depositados são de cor branca, medem em torno de 0,6 mm de comprimento e possuem dois filamentos respiratórios (pequenos filetes para trocas gasosas) de cor leitosa e visíveis para fora dos frutos. As larvas apresentam forma cilíndrica (6 mm de comprimento), com duas peças bucais escuras e dois estigmas na extremidade posterior, além de certa transparência no tegumento com os órgãos internos visíveis. As pupas possuem um par de pequenas protuberâncias filamentosas, medem cerca de 3 mm e apresentam coloração que varia de amarelo-acinzentado ao marrom na fase final do desenvolvimento.

A DAM infesta grande diversidade de frutos, sobretudo aqueles de casca fina como morango, amora, mirtilo, framboesa, incluindo os nativos araçá, pitanga e goiaba. Os danos são classificados em primários quando causados pelas fêmeas no ato da oviposição e, posteriormente, pelas larvas, que se alimentam da polpa das frutas. A fruta infestada colapsa alguns dias após o ataque tornando-se imprestáveis para o consumo. Danos secundários aparecem posteriormente, sendo causados por microrganismos como fungos e bactérias, que se desenvolvem nos frutos e aceleram o processo de decomposição. No Brasil, a ocorrência do inseto está associada às condições abióticas do meio e da disponibilidade de frutos no campo, principalmente daqueles preferenciais para o seu desenvolvimento.

Monitoramento

O monitoramento de adultos da DAM ainda é um desafio, pois o inseto é diminuto, sendo necessário para a correta triagem e cômputo populacional o uso de equipamentos ópticos apropriados, somado a conhecimento das características morfológicas dos machos e das fêmeas da espécie. Abaixo estão apresentadas três formas de monitoramento da praga em cultivos hospedeiros:

De adultos: Uma alternativa de custo relativamente barato e de fácil aquisição é o uso de uma mistura de fermento biológico (20g), açúcar (50g) e água (1L), preparada um dia antes, e descartada após o uso. A solução deve ser disposta em armadilhas tipo caça-moscas contendo entre 5 e 7 orifícios de 0,5 cm de diâmetro, localizados no terço inferior da armadilha. A permanência da armadilha por dois dias no campo já é suficiente para detectar a presença da praga na área.

A triagem do material deve ser realizada sob estereomicroscópio (no mínimo com aumento de 20x), observando as características morfológicas da praga que permitem a sua identificação. Na cultura do morangueiro, cultivadas em substrato, o adulto é encontrado, preferencialmente, abaixo das bancadas. Nesse caso, é recomendado que a armadilha de monitoramento seja colocada abaixo das bancadas de plantas. Nos demais cultivos posicionar no terço intermediário das plantas.

De larvas: Deve ser utilizada uma solução salina (10%) em um recipiente, mergulhando uma amostra conhecida de frutos por 15 min. É importante que a amostra de frutos permaneça submersa na solução salina durante o tempo estipulado, sem apertá-la ou esmagá-la na solução. As larvas abandonam o interior dos frutos infestados e podem facilmente ser computadas.

De posturas em frutos: Uma amostra de 15 frutos deve ser coletada, aleatoriamente, no pomar a intervalos semanais no ponto de colheita. Os frutos devem ser observados sob estereomicroscópio computando a ocorrência de posturas da praga nos frutos. As posturas da DAM são facilmente identificadas, pois estão inseridas no fruto e apresentam dois filamentos respiratórios visíveis para fora do fruto.

Estratégias de manejo

Controle cultural: Evitar o aparecimento de danos que gerem aberturas na casca dos frutos, seja pelo manejo correto da irrigação (evitar rachaduras), ou por cuidados no manuseio de equipamentos e tratos culturais no pomar (danos mecânicos). Intensificar a colheita não deixando frutos maduros nas plantas, nem caídos ao solo. Coletar e eliminar frutos imprestáveis dos pomares. Sempre realizar tratamento térmico de resíduos de frutas imprestáveis (por solarização) antes do descarte. Recomenda-se armazenar os resíduos de frutas em sacos plásticos, vedar e deixá-los ao sol por um período mínimo de 24h, antes do descarte em composteiras.

Controle mecânico (coleta massal): Uso de 25 armadilhas de monitoramento por estufa (250m²), iscadas com 500 ml de atrativo (fermento, açúcar e água). O atrativo da armadilha deve ser substituído a intervalos de 15 dias, eliminando o material coletado. Para elevar à eficiência de captura as armadilhas devem ser instaladas, abaixo das bancadas em sistemas de cultivo de morango em substrato. Nos demais cultivos, posicionar as armadilhas no terço intermediário das plantas, como indicado para o monitoramento.

Controle físico: O acondicionamento imediato dos frutos em temperaturas abaixo de 5°C reduz o desenvolvimento da praga, inclusive ocasionando mortalidade entre 20 e 40%. Assim, o estabelecimento de cadeias de frio para frutos, abrangendo desde o produtor até o consumidor final, é uma importante estratégia no processo de comercialização, reduzindo os danos causados pela DAM.

Controle biológico: Já foram registrados insetos parasitoides de D. suzukii em território brasileiro, contudo a ação destes inimigos naturais ainda não tem sido suficiente para mitigar os danos da praga. Uma estratégia seria o uso de fungos entomopatogênicos como Beauveria bassiana pode ser uma alternativa para o manejo da DAM, entretanto, alguns cuidados são essenciais para o uso: efetuar as aplicações sempre no final do dia, quando existem condições melhores para o desenvolvimento do fungo e evitar aplicações nos períodos onde há tratamento com fungicidas para controle de doenças nas plantações.

Controle químico: O controle químico é realizado com espinosinas, piretróides e organofosforados, em aplicações realizadas nos períodos em que os adultos da praga estão mais ativos nos pomares. A maior atividade de DAM ocorre pela manhã, entre 7h e 9h. Durante a tarde, entre 15h e 18h, também é verificado um período de atividade da praga, porém, inferior ao registrado pela manhã. Além disso, direcionar as aplicações para abaixo das bancas de sistemas de cultivo de morango em substrato. No Brasil, é importante verificar quais as moléculas autorizadas para as culturas alvo antes de empregar os inseticidas.

Informações adicionais

Imagens

Macho adulto de <i>Drosophila suzukii</i> com as manchas alares características da espécie Macho de <i>Drosophila suzukii</i> com detalhe nos pentes sensoriais das tíbias das pernas anteriores Fêmea de <i>Drosophila suzukii</i> Detalhe do ovipositor de uma fêmea de <i>Drosophila suzukii</i> Posturas de <i>Drosophila suzukii</i> em pseudofruto de morango Detalhe de uma posturas de <i>Drosophila suzukii</i> em pseudofruto de morango Posturas de <i>Drosophila suzukii</i> em fruto de amora preta Detalhe de uma posturas de <i>Drosophila suzukii</i> em fruto de amora preta Larvas de <i>Drosophila suzukii</i> atacando pseudofruto de morango Larva de <i>Drosophila suzukii</i> atacando pseudofruto de morango Detalhe de uma larva de <i>Drosophila suzukii</i> atacando pseudofruto de morango Larva de <i>Drosophila suzukii</i> atacando fruto de amora preta Fêmeas de <i>Drosophila suzukii</i> ovipositando em fruto de framboesa Larva de <i>Drosophila suzukii</i> atacando fruto de framboesa Pseudofrutos de morango atacados por <i>Drosophila suzukii</i> Pseudofruto de morango atacado por <i>Drosophila suzukii</i> Pseudofruto de morango entrando em colapso após atacado por <i>Drosophila suzukii</i> Armadilha para monitoramento de adultos de <i>Drosophila suzukii</i>