Mariposa-oriental (Grafolita molesta)

Descrição e sintomas

A mariposa-oriental, também conhecida como broca-dos-ponteiros ou grafolita, é um lepidóptero praga que tem ampla distribuição mundial e no Brasil ocorre principalmente nas regiões Sudeste e Sul. Trata-se de uma praga polífaga associada ao cultivo de frutíferas da família Rosaceae. É considerada uma das principais pragas da cerejeira, marmeleiro, nespereira, nectarineira, ameixeira, pereira, macieira e pessegueiro. O inseto possui desenvolvimento completo e passa pelas fases de ovo, lagarta, pupa e adulto. Os adultos medem de 10 a 15 mm de envergadura e de 6 a 7 mm de comprimento, são de cor cinza-escura com áreas mais escuras nas asas, na forma de linhas onduladas, em grupos de quatro bandas transversais. Os adultos apresentam hábitos crepusculares e noturnos com atividade de migração, alimentação, acasalamento e postura concentrados durante esse período. As fêmeas iniciam a postura um a três dias após a cópula, podendo colocar de 30 a 232 ovos. A postura é realizada de forma isolada nas folhas novas, nas brotações e nos frutos. Os ovos medem aproximadamente 0,7 mm de diâmetro, possuindo formato redondo-ovalado e coloração branca ou branca-acinzentada, sendo que com o desenvolvimento embrionário adquirem coloração escura. A longevidade média é de cerca de 20 dias na temperatura de 25±2°C. Após 4 dias, eclodem as lagartas que buscam um local para construir a galeria no tecido vegetal. As lagartas passam por cinco ínstares, sendo os três primeiros de coloração branco-creme e nos dois últimos branco-rosado a rosado A duração da fase larval depende da temperatura sendo de 14 dias a 25°C. Próximo à fase de pupa, as lagartas saem das galerias e deslocam-se para locais protegidos, construindo a câmara pupal entre folhas, frutos ou nas fendas formadas pela epiderme do tronco. Assim como as demais fases do desenvolvimento, a duração é influenciada pela temperatura, variando de 12,3 a 6,8 dias na faixa térmica de 20 a 30°C, respectivamente. Durante o inverno, as lagartas entram em diapausa e os primeiros adultos ocorrem em meados de agosto, logo após a brotação. Os insetos completam o ciclo biológico em aproximadamente 40 dias, o que, no Brasil, possibilita o desenvolvimento anual de até oito gerações em pomares cultivados em regiões tropicais.

Os danos à cultura do pessegueiro são observados tanto nas brotações do ano (ponteiros) como nos frutos e são provocados pela alimentação das lagartas. O dano nos ramos é significativo em pomares jovens e em viveiros com um a dois anos, principalmente após a enxertia, quando as plantas encontram-se em fase de formação da copa. Após a eclosão, as lagartas se dirigem para os brotos tenros, nos quais penetram fazendo galeria. Durante os primeiros dias não se observam sintomas de ataque, os quais são visíveis a partir da segunda semana, quando se verifica o murchamento dos ponteiros e posterior secamento dos mesmos. O sintoma típico do ataque é o aparecimento de um exsudato gomoso na região de penetração da lagarta. Durante a noite, as lagartas possuem o hábito de deixar as galerias. Uma lagarta pode se alimentar de 3 a 7 ramos diferentes na mesma planta, geralmente próximos entre si. O ataque aos frutos, considerado mais prejudicial, ocorre em duas situações: durante o movimento das lagartas desenvolvidas (4° e 5° ínstares) entre os ramos e também devido à penetração das lagartas recém eclodidas. No primeiro caso, observa-se um orifício de entrada relativamente grande e geralmente há folhas que ficam aderidas ao fruto. No segundo caso, de difícil percepção, ocorre quando lagartas recém eclodidas penetram na região do pedúnculo, e o dano é observado apenas quando a fruta começa a exsudar goma (fruto verde) ou excrementos (frutos maduros). Em geral, estando no interior do fruto, formam galerias em direção ao caroço liberando os excrementos na superfície, tornando-os imprestáveis para o consumo e indústria. O orifício de entrada causado pelo inseto predispõe mais facilmente o fruto à podridão-parda.

Prevenção, controle e manejo

Para o manejo da mariposa-oriental recomenda-se realizar primeiro o monitoramento, com a utilização de armadilhas Delta contendo feromônio sexual sintético. A armadilha é fixada nas plantas no interior do pomar na altura mediana da planta (cerca de 2,0 m), em local livre de ramos que possam interferir na formação e distribuição da pluma de odor, potencializando assim a captura dos machos. Em pomares homogêneos, emprega-se uma armadilha para cada 5 hectares. Entretanto, em pomares menores (como é o caso da maioria dos pomares de pessegueiro), recomenda-se no mínimo duas armadilhas por hectare. O fundo adesivo da armadilha é trocado quando este apresentar ressecamento ou diminuição significativa da cola, que geralmente ocorre em períodos chuvosos e de grande acúmulo de detritos e poeira. A avaliação das armadilhas deve ser feita semanalmente por meio da contagem e retirada dos machos de G. molesta capturados. A instalação das armadilhas no pomar é realizada no início do período de brotação quando ocorre a primeira geração oriunda dos insetos diapausantes. O controle da praga deve ser realizado quando forem capturados 20 machos/armadilha/semana. O controle deve ser realizado por meio da adoção de técnicas de controle "amigas" do meio ambiente, como a preservação dos inimigos naturais nos pomares por meio do uso de inseticidas seletivos a parasitoides e predadores. Existem no mercado também formulações de feromônio para serem utilizadas para o controle por meio da captura massal. Também se recomenda utilizar cultivares menos suscetíveis ao ataque da praga, realizar poda para eliminar ramos atacados e a catação de frutos infestados. O controle com uso de inseticidas deve ser realizado quando no monitoramento for detectada uma média de 20 machos capturados por armadilha por semana. Os produtos devem ter autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para uso e sempre dar preferencia por produtos menos tóxicos ao homem e meio ambiente.

Na região sul do Brasil, é recomendado o plantio de cultivares precoces, que sofrem menos pressão do inseto quando comparadas às de ciclo médio e tardio. O ensacamento de frutos com material transparente e perfurado (tecido de polipropileno, por exemplo), 20 a 25 dias antes da maturação, previne o ataque desta praga e de outras. Para o controle biológico, os principais inimigos naturais de G. molesta são o parasitoide de lagartas, Macrocentrus ancylivorus (Braconidae), e o parasitoide de ovos Trichogramma pretiosum (Trichogramamatidae). É muito importante a preservação dos mesmos pois em alguns casos o índice de parasitismo tem sido superior a 80% nos meses de abril a maio.

Informações adicionais

Imagens

Adultos de <i>Grafolita molesta</i> sobre folha de pessegueiro Adultos de <i>Grafolita molesta</i> (6-7mm de comprimento) pousados em folha de pessegueiro Ovos de <i>Grafolita molesta</i> colocados sobre folha de pessegueiro Posturas isoladas de <i>Grafolita molesta</i> em pessegueiro Lagarta de <i>Grafolita molesta</i> se alimentando de broto de pessegueiro Lagarta de <i>Grafolita molesta</i> na galeria aberta em ponteiro de pessegueiro, com a folha do ponteiro murcha Pupa de <i>Grafolita molesta</i> em tronco de pessegueiro Danos causados por <i>Grafolita molesta</i> nas brotações de pessegueiro Ponteiro de pessegueiro com cicatriz de dano por <i>Grafolita molesta</i> Fruto de pessegueiro com galeria e excrementos de lagarta de <i>Grafolita molesta</i> Danos causados por <i>Grafolita molesta</i> no fruto de pessegueiro Armadilha Delta contendo no interior um septo de borracha (liberador de feromônio), utilizada para monitoramento de <i>Grafolita molesta</i>