Nematoide-das-galhas (Meloidogyne spp.)

Sintomas

Os nematoides-das-galhas Meloidogyne spp. são vermes microscópicos polífagos que atacam várias plantas hospedeiras, incluindo várias espécies frutíferas do gênero Prunus (pessegueiro, ameixeira, amendoeira, damasqueiro e cerejeira), além de outras espécies de clima temperado, como a videira, o mirtilo, a amora, a figueira e a goiabeira, e de clima tropical / subtropical, como a bananeira, a acerola, o maracujazeiro e o mamoeiro. No Brasil, Meloidogyne javanica e M. incognita são as espécies mais frequentemente encontradas em pomares de pessegueiro. Porém, M. hapla, M. arenaria e M. morocciensis também são relatadas nessa frutífera.

Meloidogyne spp. são nematoides endoparasitas, cuja fase vermiforme (juvenis de segundo estádio) que eclode dos ovos são o único estádio móvel no solo, capaz de se movimentar e migrar até as raízes da planta hospedeira, penetrando e estabelecendo um sítio de alimentação, onde permanece até o final de seu ciclo de vida. Ao longo do parasitismo do nematoide nas raízes, tais patógenos causam alterações nas células das planta hospedeira resultando em tumores (engrossamentos) denominados de galhas. Os juvenis passam por mais duas ecdises transformando-se em fêmeas sedentárias, as quais produzem ovos e ficam obesas, ou em machos, que ao final do ciclo, continuam vermiformes, fecundam as fêmeas e abandonam as raízes, sem poderem se alimentar em função da degenerescência do aparelho digestivo. A temperatura ótima para o desenvolvimento do nematoide-das-galhas na planta hospedeira varia de 20 a 25°C, e o ciclo de vida se completa em três a quatro semanas. No entanto, dependendo da espécie do nematoide e das condições edafoclimáticas, a duração do ciclo de vida pode variar.

O principal sintoma causado por Meloidogyne sp. em plantas de pessegueiro é a presença de galhas nas raízes parasitadas, em volta do sitio de alimentação do nematoide. Por ser uma frutífera perene, em infestações elevadas, muitas vezes esse tumores coalescem formando grandes galhas, que ao longo do tempo, apodrecem e são alvo de infecções secundarias por outros patógenos de solo. Plantas de pessegueiro suscetíveis e severamente atacadas e mal manejadas apresentam, consequentemente, sinais reflexos de enfraquecimento, desfolhamento precoce, queda prematura dos frutos, deficiência nutricional e baixa produção. Além disso, pomares estabelecidos em solos de textura mais arenosa em associação a temperaturas mais altas e sob condições de seca favorecem a multiplicação do fitoparasitas e a potencialização dos sintomas.

Prevenção, controle e manejo

Práticas de manejo preventivas, como o plantio de mudas sadias (livres de nematoides) em áreas isentas ou com baixo nível populacional do patógeno, devem fazer parte da instalação do pomar. No entanto, áreas infestadas com elevados níveis populacionais de Meloidogyne sp. no solo devem ser manejadas, antes do estabelecimento do pomar, com rotação de culturas por 18 a 24 meses com espécies vegetais más hospedeiras das espécies de Meloidogyne identificadas no local, além de outros nematoides parasitas do pessegueiro, a fim de reduzir suas populações no solo. Em trabalho conduzido a campo nas nossas condições, o emprego das combinações nabo forrageiro / milheto / aveia branca / milho, aveia branca / mucuna anã / trigo / sorgo e aveia preta / feijão de porco / milheto / nabo forrageiro, por dois anos, resultou em níveis altos de controle de M. javanica e do nematoide-anelado (Mesocriconema xenoplax) do solo. A utilização prévia de solarização / biofumigação do solo pode reduzir o tempo de rotação necessário para diminui os níveis populacionais dos nematoides. Na implantação do pomar, o uso de mudas enxertadas sobre porta-enxertos resistentes aos nematoides presentes no local é uma das estratégias mais importantes. De acordo com estudos nesse patossistema, os porta-enxertos Nemaguard, Nemared, Okinawa Tsukuba e Flordaguard são resistentes às espécies mais comuns (M. incognita e M. javanica). Porém, ocorrendo outras espécies e ou outros gêneros de nematoides, é importante contatar com técnico especializado para recomendação do material mais apropriado.

Já em pomares estabelecidos e infestados, não é possível utilizar produtos químicos, uma vez que não há nematicidas com registro de uso no MAPA para a cultura do pessegueiro. Assim, um conjunto de medidas de manejo deve ser adotado para assegurar o prolongamento da vida das plantas e a manutenção da produtividade do pomar. A adoção de práticas agrícolas para combater o nematoide-anelado, como calagem, adubação equilibrada, poda conduzida tardiamente e controle de outras pragas, parece também refletir no melhor desenvolvimento das plantas. Paralelamente, a manutenção das linhas de plantio dos pomares com coberturas verdes antagonistas ou más hospedeiras, associada à incorporação de resíduos orgânicos com ação nematicida, também melhora o vigor dos pessegueiros. Além disso, tais coberturas promovem a diminuição da incidência de plantas daninhas hospedeiras dos nematoides.

Informações adicionais

Imagens

Juvenil de segundo estádio de <i>Meloidogyne morocciensis</i>, fase vermiforme e infectiva do nematoide-das-galhas Raízes de pessegueiro com galhas causadas por <i>Meloidogyne morocciensis</i> Fêmea adulta do nematoide-das-galhas Plantas de pessegueiro parasitadas por <i>Meloidogyne javanica</i> com sintomas de enfraquecimento e desfolhamento