As videiras são plantas muito tolerantes à restrição hídrica e demandam em média 700 mm por ciclo. Em condições de estresse moderado, as plantas podem favorecer a qualidade enológica da uva, pois restringem o crescimento e atingem maior teor de açúcar na baga. O período de maior sensibilidade á falta de água é entre a brotação e o início da maturação, impactando diretamente nos crescimento vegetativo e nos componentes de rendimento (número, peso e diâmetro de bagas). Contudo se o estresse for severo na maturação, comprometendo a função e queda foliar, a maturação da uva e dos sarmentos é interrompida, impactando na produção do ciclo vigente e futuro. No caso de uva de mesa a restrição na maturação também impacta na qualidade visual da fruta, o que necessita de maiores cuidados para se evitar prejuízos. Em condições severas de restrição hídrica a videira apresenta inicialmente o murchamento de folhas novas e gavinhas nos ápices dos ramos, seguido de uma clorose, necrose e queda das folhas. Os sintomas de seca podem ocorrem em manchas no vinhedo, associados a variação de profundidade do perfil das raízes e das características físicas do solo (aqueles com maior proporção de areia ou argila tendem a ser mais restritivos na disponibilidade hídrica para as plantas).
Dentre as medidas de controle indireto da deficiência hídrica, destaca-se a escolha do local para o parreiral. Estudos prévios de dados climáticos do local, envolvendo o volume e a distribuição de chuvas no ano, temperatura, umidade relativa, estimativa de evapotranspiração e profundidade média dos primeiros horizontes (A e B), já servem de base para se identificar os riscos de deficiência hídrica que as plantas podem sofrer. A finalidade do investimento vitícola é outro ponto que define as exigências hídricas, pois se for para uva de mesa a exigência hídrica, mantendo-se o solo em condições próximas da capacidade de campo para se evitar impactos de produção, qualidade organoléptica e visual. Contudo, se for um vinhedo para elaboração de vinho, torna-se importante garantir uma condição de estresse moderado (-0,2 a -0,6 MPa de tensão no solo), principalmente no período de maturação, visando agregar qualidade enológica na uva. De modo geral, é importante garantir a demanda hídrica da videira, sem comprometer a função foliar (tensão > -0,6 MPa). Em condições de restrição hídrica se recomenda também um controle da superfície foliar (máximo 10 a 15 folhas/cacho), pois plantas com muitas folhas perdem mais água. O emprego de cobertura plástica também favorece a redução na demanda hídrica, garantindo menor volume de irrigação em relação a um cultivo tradicional descoberto.
